Reconhecendo a história de sucesso global da imunização, em termos de saúde e desenvolvimento, pelo facto de salvar milhões de vidas todos os anos, Macky Sall, Presidente da República do Senegal e atual Presidente da União Africana, convidou hoje os chefes de Estado africanos seus homólogos, bem como vários representantes de diversas agências internacionais e líderes na área da saúde pública e da sociedade civil, a juntarem-se a ele, no Senegal, para participarem no Fórum sobre Imunização e Erradicação da Poliomielite em África.

Durante o evento, o Presidente Macky Sall apelou aos Chefes de Estado do continente para que reafirmassem o seu apoio aos compromissos assumidos no âmbito da Declaração de Adis sobre a Imunização (https://bit.ly/3FX93Ni) e da Agenda de Imunização 2030 (https://bit.ly/3V1wTMo), e para que dessem prioridade à imunização e à luta contra os surtos.

Adotada em 2017, a Declaração de Adis sobre a Imunização é um compromisso histórico assumido pelos Chefes de Estado africanos para garantir que todas as pessoas em África – independentemente de quem sejam ou do local onde vivam – possam receber todos os benefícios da imunização. A Agenda 2030, aprovada em 2020 por todos os Estados-Membros, de forma unânime, na Assembleia Mundial de Saúde, fornece um quadro estratégico para abordar as principais questões associadas à imunização, no contexto dos cuidados de saúde primários e da cobertura universal de saúde, durante o período de 2021-2030.

Apesar dos progressos significativos que foram feitos pelos países africanos durante as últimas décadas no sentido de garantir que, através da imunização, as crianças possam começar melhor as suas vidas, a pandemia da COVID-19 conduziu a um declínio alarmante no número de crianças inoculadas com vacinas que salvam vidas. Todos os países do mundo sofreram perturbações devido à pandemia da COVID-19, com um total de 25 milhões de crianças, a nível mundial, a não serem vacinadas em 2021.

Dois anos após a OMS ter declarado que a região africana se encontrava livre de poliomielite descontrolada, os surtos de poliomielite continuam a propagar-se nas comunidades em que o nível de imunização é inferior ao ideal. A suspensão de quatro meses das campanhas de vacinação contra a poliomielite que ocorreu em 16 países africanos, pelo menos, durante 2020, devido à COVID-19, levou a que dezenas de milhões de crianças não fossem vacinadas contra a poliomielite e contribuiu para a propagação de surtos de variantes de poliovírus em muitos países de África.

A fim de combater o declínio das taxas de imunização e o reaparecimento da poliomielite, S. Ex.ª o Presidente Macky Sall exortou os Chefes de Estado e outras partes interessadas a voltarem a mobilizar-se, urgentemente, em torno da Declaração de Adis sobre a Imunização e da Agenda de Imunização 2030, e a reafirmarem o seu compromisso relativamente à imunização de rotina, à erradicação da poliomielite, ao reaparecimento de outras doenças evitáveis através da vacinação e ao estabelecimento de programas de fabrico de vacinas no continente, a fim de garantir que nenhuma criança seja deixada para trás.

Organizações de todo o continente anunciaram o seu apoio à remobilização em torno da Declaração de Adis, incluindo a Organização das Primeiras Damas Africanas para o Desenvolvimento (OAFLAD, do inglês Organization of African First Ladies for Development) (https://bit.ly/3V2y7Xy).  Centenas de organizações da sociedade civil assinaram a Declaração de Apoio das Organizações da Sociedade Civil (https://bit.ly/3YEw6Ea) e 1130 cientistas africanos assinaram a Declaração Científica sobre a Erradicação da Poliomielite 2022 (www.PolioDeclaration.org).

Por ocasião deste Fórum, o Presidente Macky Sall declarou que: "Tem de ser dito, com veemência e de forma clara, que a imunização é uma intervenção segura. Desde o momento em que são concebidas, até à primeira injeção administrada, as vacinas seguem um protocolo científico rigoroso e padronizado, que não deixa nada ao acaso. A imunização salva vidas, principalmente entre as mulheres e as crianças, uma vez que pertencem, em muitos aspetos, a grupos vulneráveis da sociedade. A imunização é eficaz. Previne o sofrimento humano e as deficiências, e ajuda as crianças a desenvolverem sistemas imunológicos robustos. Foi por isso que, em 1974, lançámos o Programa Expandido de Imunização (EPI, do inglês "Expanded Program on Immunization"), no Senegal. Atualmente, esse programa abrange 14 antigénios. A nível continental, a Declaração de Adis sobre a Imunização de 2017 apela aos Estados-membros da União Africana que se mobilizem no sentido de garantir o acesso a vacinas para todos. Isso é cada vez mais necessário, uma vez que as ameaças para a saúde, tanto antigas como novas, continuam a aumentar, com riscos cada vez maiores de contaminação em grande escala."

Por seu lado, o Dr. Ahmed Ogwell Ouma, Diretor Interino do CDC de África, declarou que "A pandemia conduziu a um grande declínio nas taxas de vacinação de rotina por toda a África, mas nós, no CDC de África, temos o conhecimento e o empenho necessários para inverter essa tendência. Estamos novamente a estabelecer contactos em torno da Declaração de Adis sobre a Imunização, a fim de aumentar o acesso às vacinas, melhorar a vigilância e a resposta a surtos, e investir na produção de vacinas em África. É assim que iremos proteger as nossas crianças de contraírem doenças evitáveis através da vacinação, o que é fundamental para a nova ordem de saúde pública que nos esforçamos por alcançar. “

O Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde, declarou que "O direito à saúde inclui o direito às vacinas. Temos de assegurar que os serviços de imunização de rotina garantam um acesso equitativo para todas as crianças, onde quer que vivam. A ação concertada, a nível regional e global, para expandir o acesso às vacinas que salvam vidas vai permitir-nos proteger as pessoas contra surtos múltiplos e simultâneos de várias doenças, como a poliomielite, o sarampo, a febre amarela, a cólera e a difteria. Isso vai salvar vidas, prevenir doenças e ajudar-nos a podermos preparar-nos melhor para crises futuras."

Catherine Russell, Diretora Executiva da UNICEF, acrescentou: "A vida de milhões de crianças e adolescentes está em risco, devido ao declínio das vacinações de rotina que podem prevenir doenças fatais. Entre 2019 e 2021, o mundo registou o maior declínio sustentado da imunização de rotina no espaço de uma geração. Milhões de crianças continuam a não ser vacinadas. Temos de compensar urgentemente aquilo que perdemos e alargar o nosso alcance, a fim de evitarmos o aparecimento de surtos perigosos de doenças, como a poliomielite e o sarampo, principalmente entre as crianças que ainda não receberam sequer uma única imunização. Sabemos que isso é possível, se trabalharmos todos em conjunto para chegar a todas as crianças."

Sublinhando o quanto é importante para África desenvolver a sua própria indústria de vacinas, Seth Berkley, CEO da Gavi, The Vaccine Alliance, afirmou que: "Estamos empenhados em acabar com a transmissão de todos os poliovírus a nível global e em trabalhar com os países no sentido de fortalecer a imunização essencial, para que as crianças possam receber vacinas que salvam vidas. A Gavi trabalha há mais de 20 anos com vários países de toda a África para proporcionar acesso a vacinas e fortalecer os sistemas de saúde e de imunização. Paralelamente ao enfoque contínuo na imunização de rotina, e em ajudar a combater surtos e resolver a questão das crianças às quais nunca foi administrada qualquer dose, a Gavi também apoia, de forma substancial, a visão da UA para 2040 de expandir o fabrico de vacinas em África. A existência de um ecossistema próspero de fabrico de vacinas em território africano constituirá uma grande oportunidade para melhorar a segurança da saúde e a autossuficiência do continente."

Destacando a necessidade de continuar a dar prioridade à poliomielite em todo o continente, o Dr. Chris Elias, presidente do Conselho de Supervisão da Poliomielite e da Divisão de Desenvolvimento Global da Fundação Bill & Melinda Gates, declarou que: "Temos ferramentas e dinâmicas poderosas para realizar uma das maiores conquistas da história em matéria de saúde pública: a erradicação da poliomielite. Os líderes africanos e de todo o mundo estão a unir-se para garantir que nenhuma criança volte a ficar paralisada devido à poliomielite. Este é o momento de renovar compromissos, reforçar a imunização e a resposta a surtos, e proporcionar um futuro livre de poliomielite às nossas crianças."

Nguissali Turpin, Diretor Executivo da Enda Santé, acrescentou que "Em 2017, a par da histórica Declaração de Adis sobre a Imunização, as organizações da sociedade civil sublinharam o valor essencial da imunização para salvar milhões de vidas em todo o mundo e em todo o continente africano, através da emissão da Declaração da Sociedade Civil para o Acesso Equitativo à Imunização em África. No nosso papel, enquanto conjunto de organizações que compreendem e representam as necessidades e prioridades das suas comunidades, estamos empenhados em trabalhar com o governo e com os nossos parceiros para renovarmos o compromisso assumido no âmbito da Declaração de Adis sobre a Imunização. Temos de nos unir novamente para promover a vacinação e reafirmar o compromisso de combater os surtos de doenças evitáveis através da vacinação, como a poliomielite, o sarampo e a cólera."