Fonte: Governo de Angola |

Dia da Cultura Nacional: Ministério da Cultura quer contribuição das indústrias culturais no Produto Interno Bruto (PIB)

A inauguração do Arquivo Histórico Provincial do Huambo consta das actividades em alusão ao Dia da Cultura Nacional e aos festejos do jubileu da independência nacional

LUANDA, Angola, 9 de janeiro 2025/APO Group/ --

O Ministério da Cultura está preocupado com a identidade e política cultural e com a fraca contribuição das indústrias culturais e criativas para o Produto Interno Bruto.

A preocupação foi manifestada pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, esta quarta-feira, 8 de Janeiro, na cidade do Huambo, na abertura da conferência sobre cultura, identidade, angolanidade e a contribuição das indústrias culturais e criativas para o desenvolvimento económico nacional.

No evento, Filipe Zau afirmou que a cultura está num patamar diferente daquele que passa por recreação (farra) e é muito mais do que recreação.

“Nós vimos, desde que saímos da Praça Agostinho Neto até aqui, as grandes representações e manifestações culturais e a importância que estas manifestações culturais vão ter, quer para o nosso povo, para identidade cultural da própria região e sobretudo para o turismo”, referiu o ministro da Cultura, lembrando que o sector também produz riqueza.

Para Filipe Zau, não se faz educação sem cultura, pois a educação sem cultura é algo insosso, na medida que uma cultura na educação está sempre associada aos valores e práticas de um povo.

“Não há educação universal (...). Cada sociedade real e histórica cria o tipo de educação que precisa em dado momento do seu desenvolvimento”, acrescentou.

A conferência sobre cultura, identidade, angolanidade e a contribuição das indústrias culturais e criativas para o desenvolvimento económico nacional visou saudar o Dia da Cultura Nacional, sob o lema “Preservar e valorizar as conquistas alcançadas para um futuro melhor”.

Venceslau Cassesse, historiador e um dos facilitadores da conferência, disse que a identidade cultural significa “sermos nós mesmos”, tal como definiu o fundador da nação angolana, António Agostinho Neto.

O termo angolanidade, no seu ponto de vista,  vem de Angola e cada um deve fazer alguma coisa que alegre, conforte, edifique, construa o angolano e não só.

Por sua vez, o antropólogo Gregório Chicola, um dos palestrantes, recorreu a tese do prelado católico Dom Manuel Imbamba, segundo a qual “a cultura é a alma do povo”, para definir a cultura na vertente sociológica.

A conferência teve a participação de membros do Executivo, investigadores, docentes, políticos, entidades religiosas e tradicionais além de fazedores de cultura.  

ARQUIVO PROVINCIAL DO HUAMBO ABERTO AO PÚBLICO

A população do Huambo passa a contar, pela primeira vez, com um espaço de maior dimensão para pesquisa e preservação da memória colectiva do povo. Trata-se do Arquivo Histórico Provincial, inaugurado esta quarta-feira, 8 de Janeiro, pelo ministro da Cultura, Filipe Zau.

O repositório, que homenageia Constantino Camõli, está localizado no interior do Centro Cultural Manuel Rui, e conta com salas de reuniões e de leitura, recepção documental, área de multimídia e um depósito.

Constantino Camõli foi antigo funcionário do Caminho-de-Ferro do Huambo, amante de literatura e colecionador de livros, chegando a possuir em sua residência mais de sete mil obras. Por falta de mais espaço, decidiu doá-los às autoridades, que utilizou os livros para apetrechar a biblioteca municipal em 1960.

O Arquivo Histórico Provincial, erguido em dez meses com um orçamento de cerca de três mil milhões e 500 milhões de kwanzas, surge no âmbito da concretização da agenda do Plano de Desenvolvimento Nacional, que prevê a implementação do Sistema Nacional de Arquivos.

Na ocasião, o vice-governador do Huambo para o sector Político, Social e Económico, Ângelo Elavoco, regozijou-se pelo facto da província ser a primeira, depois de Luanda, a beneficiar de um arquivo histórico e comprometeu-se, em nome do governo local, em tudo fazer para manter o propósito da infra-estrutura.

“Iremos trabalhar com as áreas técnicas, Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, no sentido de dotarem este Arquivo Histórico Provincial de capacidade técnica suficiente para que sirva o propósito pelo qual foi inaugurado”, garantiu.

A inauguração do Arquivo Histórico Provincial do Huambo consta das actividades em alusão ao Dia da Cultura Nacional e aos festejos do jubileu da independência nacional.

Para o director nacional da Acção Cultural, Pedro Tchissanga, o arquivo vai permitir a preservação da memória como guardião de documentos, fotografias e outros elementos que retratam a trajectória de Angola.

Por sua vez, o Rei do Bailundo, Ekuiki VI, entende que o monumento inaugurado é de grande importância para a identidade cultural e identifica-se com os quatro pilares do seu reino (Ombala), nomeadamente o resgate, preservação, valorização e divulgação da identidade cultural do povo de Angola.

Um outro momento que marcou as festividades do acto central do Dia da Cultura Angolana, no Huambo, foi o descerrar da placa que classifica o Largo Doutor António Agostinho Neto como Património Cultural Nacional, pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, em companhia do governador, Pereira Alfredo.

No momento, membros do Executivo, políticos, docentes, entidades religiosas e tradicionais tiveram contacto com a história do local, que antes, entre 1935 e 1940, era a Praça Doutor Manuel de Arriaga, com a estátua monumental de Norton de Matos, fundador da cidade do Huambo, homenageado igualmente pela sua prudência, sabedoria, temperança e justiça.

Entre 1975 e 1976, após a proclamação da Independência Nacional, o local passou a chamar-se Largo 11 de Novembro.

Durante o conflito armado (1992-2002), o largo foi destruído parcialmente e reconstruído em 2006, data em que passou a ser designado Praça Doutor António Agostinho Neto, e ter um monumento em bronze do primeiro Presidente de Angola.

Actualmente, a província do Huambo passa a contar com oito patrimónios históricos nacionais: a Ombala do Huambo, o Forte da Kissala, a Estação Arqueológica do Fety, as pinturas rupestres de Kaniñguili, a Pedra Kandumbu, as missões evangélicas do Dondi e Adventista do Sétimo Dia do Bongo.

O Dia da Cultura Nacional está associado à visita do primeiro Presidente da República de Angola, António Agostinho Neto, à União dos Escritores Angolanos, aquando da tomada de posse dos primeiros corpos gerentes, a 8 de Janeiro de 1979.

Distribuído pelo Grupo APO para Governo de Angola.