Fonte: UN News |

Após aumentos de casos de câncer, Moçambique reforça parcerias internacionais

Segundo estatísticas oficiais, até 2045, o número de casos da doença deve mais que dobrar

NEW YORK, Estados Unidos da América, 5 de abril 2025/APO Group/ --

Agência Internacional de Energia Atômica, OMS e Agência de Pesquisa sobre Câncer realizam revisão ImPACT; meta é promover ações do governo para aumentar acesso a diagnóstico e tratamento; capital Maputo tem apenas 1 unidade radiológica para 30 milhões de pessoas.

Todos os anos, Moçambique, o país de língua portuguesa no sul da África, registra 26 mil novos casos de câncer. Segundo estatísticas oficiais, até 2045, o número de casos da doença deve mais que dobrar.

O ministro da Saúde, Armino Tiago, afirma que os dados são alarmantes e preocupantes. O país decidiu investir em parcerias internacionais para socorrer quem precisa.

Expansão de casos

Este ano, Moçambique convidou duas entidades da ONU: a Organização Mundial de Saúde, OMS, e a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, para realizar uma revisão chamada ImPACT.  A meta é analisar o que pode ser feito contra a expansão de casos no país e expandir o tratamento.

A ação é acompanhada da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer.

O câncer já é responsável por quase metade das mortes prematuras por doenças crônicas.

Muitas pessoas somente chegam a uma consulta médica nos últimos estágios do câncer, o que torna o tratamento mais complicado. E no caso de Moçambique, muitos que precisam não recebem os cuidados por falta de equipamentos e pessoal.

Segunda maior causa de morte no mundo

O câncer é hoje a segunda maior causa de morte em todo o mundo. As revisões ImPACT tentam auxiliar os países em avaliações de demandas e capacidades para ajudar os governos a responder ao problema controlando o número de novos diagnósticos.

Uma das propostas é criar um plano nacional de câncer com informações para doadores e adesões do país às iniciativas da OMS como câncer infantil, de mama ou cervical.

Para o Ministério da Saúde, a parceria com a ONU capacita e beneficia os sistemas de saúde locais e nacional.

Os especialistas são da África, da Europa e das Américas e atuam em áreas como oncologia, patologia, cuidados paliativos e epidemiologia. Muitos falam português, a língua oficial de Moçambique, o que ajuda no contato com os cidadãos.

Preparação na internet antes de chegar ao terreno

A Aiea, que tem um programa dedicado ao combate ao câncer, envia especialistas em radiologia, segurança de radiação e diagnósticos e outros equipamentos.

Reuniões e preparativos ocorrem na internet antes da produção de um relatório e plano de ação e antecede à chegada da missão ao país.

Como parte da prevenção do câncer, os profissionais recomendam fatores como dieta adequada, cartão de vacinas em dia e uma vida sem tabaco que pode ajudar a evitar em até 40% todos os casos de câncer.

O diagnóstico cedo também aumenta as chances de cura. Com o tratamento, a meta é curar a doença e prolongar a vida com qualidade. Já os cuidados paliativos se focam nas necessidades dos pacientes e de suas famílias desde o diagnóstico até a capacidade de enfrentar a doença.

Quando chegam a Moçambique, as equipes já têm um bom conhecimento do terreno e se deslocam aos hospitais e centro de saúde pública, onde se reúnem com profissionais do setor, representantes da sociedade civil e tomadores de decisão.

Priorizar crianças e mulheres

Uma das prioridades da iniciativa ImPACT em Moçambique são crianças e mulheres que vivem com câncer. Em um dos centros, o Primeiro de Maio, foram analisados o impacto do atendimento de saúde básica com prevenção e diagnóstico a tempo, especialmente para câncer infantil, de mama e cervical.

Um dos especialistas em oncologia infantil, de Gana, que participa da missão afirmou que mais de 80% dos casos de câncer em crianças têm cura, mas o mundo está apenas no patamar de 30% de cura em países de rendas baixa e média.

Equipe de brasileiros

Há mais de uma década, a Aiea tem atuado no Hospital Central de Maputo com atendimento a pacientes de câncer. Uma equipe de especialistas brasileiros realizou o treinamento de radioterapia com o apoio da agência da ONU.

Como Moçambique tem acesso limitado aos equipamentos de radiologia e outras tecnologias, fica mais difícil apoiar os pacientes que precisam do tratamento.

A capital Maputo, por exemplo, tem apenas uma unidade de radiologia para uma população de mais de 30 milhões de pessoas.

Distribuído pelo Grupo APO para UN News.

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