A Fundação Africana para a Inovação (AIF) (www.AfricanInnovation.org) anunciou hoje os dez candidatos que irão competir pelo Prémio de Inovação para África (IPA) (http://APO.af/iaUJZd) 2017, a ser entregue em Acra, Gana, no dia 18 de Julho de 2017. Inovadores de nove países africanos, incluindo República Democrática do Congo, Egito, Quénia, Libéria, Marrocos, Nigéria, África do Sul, Uganda e o Zimbabué foram nomeados finalistas do prestigioso Prémio.

Os participantes desta edição, altamente qualificados, apresentaram soluções inovadoras que pretendem resolver desafios no continente africanos, nomeadamente no setor agrícola, cuidados de saúde, energia, comunicações, serviços assim como em segurança com a proposta de drones.

Os melhores inovadores deste ano foram submetidos a um rigoroso processo de seleção através de um painel composto por júris que incluiu empresários, académicos, especialistas em tecnologia e científicos que representam os principais influenciadores africanos em inovação.

“Estamos muito contentes de anunciar o nome dos candidatos do IPA2017, enquanto continuamos a catalisar o espírito de inovação e identificar o potencial inexplorado na África. Pela primeira vez, há candidatos a representar a República Democrática do Congo, Libéria e  Zimbabué. Aliás, devido o papel essencial desempenhado pelas mulheres africanas na transformação do continente, é emocionante ver mais representação feminina entre os 10 finalistas. Ao proporcionar plataformas que reconhecem a excelência da inovação na África e que mobilizam os inovadores africanos, continuamos a viver segundo o nosso lema o qual pretende atrair, inspirar e transformar. As histórias destes candidatos recordam-nos que a inovação e as soluções lideradas por africanos são realmente a resposta ao crescimento e à prosperidade de África", disse Walter Fust, Presidente do Conselho Diretivo da AIF.

O IPA, principal iniciativa de inovação no continente africano celebra esse ano a sexta edição sob o tema “Inovação africana: investir em prosperidade”, oferecendo um grande prémio de 185.000 dólares e incentivos para estimular o crescimento e a prosperidade na África através de soluções internas.

O número de candidaturas e o crescente aumento do número de inovadores e de impulsionadores da inovação ao longo das seis edições do IPA é significativamente maior. Até à data, o IPA atraiu mais de 7500 inovadores de 52 países africanos, fazendo dele uma verdadeira iniciativa pan-africana. A edição 2017 do IPA testemunhou um número recorde de candidaturas de mais de 2530 inovadores de 48 países africanos. A Fundação apoiou vencedores e candidatos em anteriores edições com cerca de 1 milhão de dólares para avançarem com as suas inovações. Devido à exposição gerada pelo IPA, os vencedores de anteriores edições conseguiram garantir 30 milhões de dólares em investimentos para crescerem e redimensionarem os seus negócios.

"Ao longo dos anos, o IPA estimulou inovações de impacto e orientadas para o mercado que tinham como objectivo mudar vidas e transformar o continente. Nesta sexta edição, queremos promover maior investimento em inovações internas, assim como a colaboração intra-africana e os intercâmbios que permitam expandir as inovações viáveis além-fronteiras. Estamos contentes pela oportunidade de trabalhar com os nossos parceiros para garantir que as inovações dos 10 finalistas estejam disponíveis nos mercados africanos e mais além. Convidamos a que se juntem a nós e que libertem o potencial dos inovadores africanos, começando por investir nestes 10 candidatos", disse Pauline Mujawamariya Koelbl, Diretora do IPA.

A AIF será a anfitriã da cerimónia de entrega dos prémios IPA 2017 e do seu segundo Conector de Ecossistemas de Inovação nos dias 17 e 18 de Julho em Acra, no Gana. O evento, abordara a forma como os impulsionadores da inovação e as empresas podem equilibrar os fluxos de fundos, investimentos e recursos que são essenciais para desbloquear o potencial dos inovadores africanos. Os participantes nos Prémios IPA terão a oportunidade de participar na abertura oficial do IPA 2017, conhecer o mercado da inovação, participar em discussões de alto nível durante as mesas redondas organizadas, meet-ups no Zua Hub, atividades de networking, e no evento de clausura onde serão anunciados os vencedores do IPA 2017. Veja as principais atividades aqui (http://APO.af/CFdbTj).

Este importante evento dedicado à inovação será organizado em colaboração com o Governo do Gana, representado pelo Ministro do Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESTI), pelo Centro para a Promoção do Investimento do Gana (GIPC) e pelo Comité de Planificação dos 60 Anos do Gana. A Sua Excelência o Presidente Nana Addo Dankwa Akufo-Addo, Presidente do Gana, irá discursar durante a cerimónia de entrega dos Prémios.

Para saber mais sobre as atividades e oportunidades de parceria, visite http://event.innovationprizeforafrica.org.

Conheça os 10 finalistas e as suas inovações. Os candidatos irão apresentar os seus projetos inovadores ao prestigiado painel de júris do IPA (http://InnovationPrizeForAfrica.org/ipa-jurors) durante as sessões à porta fechada nos dias 15 e 16 de Julho em Acra. Após as apresentações, os três vencedores serão selecionados e anunciados durante a cerimónia de entrega dos Prémios, prevista no dia 18 de Julho de 2017 no Hotel Mövenpick Ambassador em Acra.

Inovações em comunicações e soluções inteligentes

1. Peris Bosire, Quénia: FarmDrive

A FarmDrive é uma empresa de tecnologia financeira que desenvolveu uma aplicação para telemóveis que recolhe dados e fornece um modelo de avaliação de risco para pequenos agricultores. Considerando que o continente é significativamente dependente da agricultura, um dos maiores desafios que os pequenos agricultores enfrentam é o acesso ao crédito ou financiamento. A maioria das instituições financeiras é relutante na concessão de crédito aos agricultores porque os modelos de avaliação de risco definem os pequenos agricultores como muito arriscados. A FarmDrive desenvolveu uma nova metodologia para avaliar a concessão de crédito, o que levou a uma maior taxa de aceitação de empréstimos a agricultores, mantendo uma taxa muito baixa de incumprimento. Isto poderia ter um efeito impulsionador substancial na produção agrícola do continente, ao mesmo tempo que poderia ajudar as instituições financeiras a aumentarem de forma significativa o seu portfólio de créditos agrícolas.

2. Nokwethu Khojane, África do Sul: Lakheni, Transformar o Capital Social em Poder de Compra

O Lakhenié é um modelo de negócio  social inovador que procura conectar famílias com baixos rendimentos, de forma a negociar descontos no processo de compra em bens e serviços. A maioria das pessoas com poucos recursos acaba por pagar bens e serviços a um preço unitário normalmente muito mais elevado que o preço pago por outras pessoas com rendimentos mais elevados. Isto ocurre porque a medida que os bens e serviços são divididos em unidades cada vez menores, eles tornam-se menos eficientes em termos económicos e acabam por custar mais do que comprando em grandes quantidades ou em unidades maiores. O Lakheni resolve este problema reunindo famílias com o mesmo perfil através do uso de tecnologia móvel.

3. Omolabake Adenle, Nigéria: Software de reconhecimento de voz e síntese de fala para idiomas africanos

Trata-se de um software que pode entender e digitalizar idiomas africanos, e sintetizar a fala de idiomas apresentados como texto digitalizado. A digitalização de idiomas do continente permite que os africanos interajam com dispositivos de hardware como telemóveis e com serviços digitais como aplicações de call center falando em idioma local. O software pode ser integrado numa gama mais vasta de dispositivos. O software de reconhecimento de voz e síntese de fala foi desenvolvido para diversos idiomas ocidentais e asiáticos, mas havia pouca aplicação comercial ou investigação académica para idiomas africanos. A dificuldade reside na modelação de tonalidade presente na maior parte dos idiomas africanos e nos limitados recursos de dados para a modelação da linguagem. Esta inovação abre oportunidades para que africanos com baixos níveis de literacia possam usufruir dos benefícios da revolução digital.

4. Nzola Swasisa, República Democrática do Congo: Lokole

O Lokole é um aparelho que permite aceder aos correios eletrónicos de forma eficiente em qualquer lugar com cobertura móvel a um preço entre cem a mil vezes mais barato que o acesso a correio eletrónico com custos de banda larga, ao identificar uma área de rede local partilhável na qual até cem utilizadores num raio de 25 metros podem aceder e  partilhar os custos. O aparelho contém algoritmos que comprimem o correio eletrónico e gerem as transferências e carregamentos de dados para que os pacotes de custos sejam mais baratos. Os custos por utilizador podem ser tão baixos como 0.01 dólares por pessoa/dia. Mais de 71% da população africana não tem acesso a comunicações eficientes. O Lokole resolve este problema e permite que muitas comunidades acedam a uma comunicação eficiente pela primeira vez. As aplicações do Lokole incluem: saúde (médico à distância), educação (professor à distância), comércio (encomendas por correio eletrónico), negócios (anexar documentos) e muito mais.

Equilibrar inteligência artificial e soluções mecânicas

5. Badr Idriss, Marrocos: Atlan Space

O Atlan Space é um software utilizado para gerir operações de veículos aéreos não tripulados (VANT) ou drones. O software está atualmente a ser testado para utilização na gestão de operações, de forma a detetar atividade marítima ilegal ou danosa como a pesca ilegal ou os derramamentos de combustível ao longo de vastas áreas. Os VANT operados por este software podem ser lançados e utilizados em operações de monitorização sem a necessidade de um piloto. Da mesma forma, ao usar Inteligência Artificial, são capazes de recolher, analisar e produzir relatórios. Os governos africanos enfrentam inúmeros desafios na monitorização de atividades e operações em áreas significativas. Estas incluem controlo de fronteiras, deflorestação, caça ilegal e atividade marítima. O software permite a utilização de VANT a um custo mais acessível sem a necessidade de intervenção humana altamente especializada e num conjunto de utilizações muito amplo.

6. Aly El-Shafei, Egito: Atuador eletromecânico inteligente com rolamento radial integrado “SEMAJIB”

O projecto ¨SEMAJIB¨ patenteado pelo Dr. El-Shafei, trata-se de um rolamento inteligente versátil que pode mudar as suas características à medida que opera. Está composto por um rolamento magnético incorporado num rolamento radial oleado, formando assim um rolamento inteligente controlável. O alagamento do rolamento com óleo é uma inovação, uma vez que o objectivo dos rolamentos sempre foi expelir óleo. Além, há uma melhora significativa no desempenho da turbina usando o SEMAJIB, particularmente em instalações de ciclo combinado de linha única, assim como em tecnologia convencional de gerador. O dispositivo foi desenhado para apoio as turbinas geradoras de energia e pode ser usado para melhorar a eficiência e reduzir os custos de geração de energia no continente. 

Soluções para a indústria de cuidados de saúde

7. Dougbeh-Chris Nyan, Libéria: Nova tecnologia para deteção rápida de infeções com apenas um teste

Este é um teste de diagnóstico rápido que pode detetar e simultaneamente diferenciar entre três a sete infeções ao mesmo tempo, no espaço de 10 a 40 minutos. Na maioria dos países africanos, existe uma falta de dispositivos de diagnóstico sofisticados e uma especialidade limitada em diagnósticos de alta tecnologia. Isto dificulta a toma de decisões por parte dos fornecedores de cuidados de saúde. Este teste proporciona uma solução para este problema clínico. A inovação é simples de usar em qualquer ambiente e particularmente em zonas rurais. Para além disso, o aparelho é capaz de detetar e distinguir diversas infeções que apresentam os mesmos sintomas, como por exemplo, quando um paciente tem febre amarela, malária e ébola. Enquanto a maioria dos métodos de teste demora entre 3 a 7 dias, este aparelho apresenta os resultados do teste no espaço de 10 a 40 minutos. Isto iria resultar num avanço significativo na deteção e gestão de doenças infeciosas no continente.

8. Olanisun Olufemi Adewole, Nigéria: Teste de suor TB, um teste rápido não-invasivo para detetar a tuberculose

O Teste de suor TB é um teste rápido de diagnóstico não-invasivo para detetar a tuberculose (TB). A TB é a segunda causa de morte na África, logo após o VIH/SIDA. Os métodos disponíveis são de alta tecnologia; não podem ser usados em centros rurais e dependem apenas de saliva, que por vezes não pode ser recolhida e que é considerada suja por parte de muitos pacientes. Também consomem muito tempo, com os pacientes a terem de fazer várias visitas aos centros clínicos antes de ser apresentado um relatório. Os atrasos em diagnósticos e diagnósticos errados em 3 milhões de casos de TB, que leva a uma propagação da doença. O teste de suor TB baseia-se num marcador específico de TB no suor dos pacientes de forma a produzir um teste válido em 10 minutos, sem necessidade de seringas. Os relatórios são lidos e os pacientes iniciam a medicação necessária na mesma visita ao centro clínico. Tem o potencial de contribuir para o controlo eficaz da TB, de reduzir o número de mortes por TB e é promissor na prevenção da resistência aos medicamentos contra a TB na África.

9. Gift Gana, Zimbabué: Dr. CADx

O Dr CADx é um software que ajuda os médicos e prestadores de cuidados de saúde a diagnosticar imagens médicas de forma mais precisa. Devido à escassez de radiologistas no continente, a maior parte das imagens médicas é lida por médicos de medicina-geral ou por outros prestadores de cuidados de saúde que não dispõem do conhecimento necessário, acabando por gerar diagnósticos errados em cerca de 30% dos casos analisados. Como resultado, milhões de pacientes acabam por não receber o tratamento certo ou o tratamento é atrasado levando a maiores complicações e até à morte. O Dr CADx pode alcançar uma precisão de 82% e uma melhoria superior a 70% em média relativamente a radiologistas. O Dr CADx foi concebido para trabalhar em ambientes com poucos recursos e conexões pouco estáveis à internet, atingindo desta forma muitos meios rurais do continente.

10. Philippa Ngaju Makobore, Uganda: Alimentação Intravenosa Controlada Eletronicamente (ECGF)

O ECGF é um aparelho médico desenhado para administrar de forma precisa fluidos intravenosos e medicamentos, controlando a taxa de fluido com base no retorno de um sensor de gotas. Mais de 10% das crianças que entram nos hospitais da África Oriental precisam de transfusões intravenosas. As descobertas do ensaio FEAST indicam que o excesso de transfusão em crianças aumenta o risco absoluto de morte em 3,3% em 48 horas. Taxas erradas podem resultar em efeitos adversos. O ECGF resolve este problema uma vez que é muito simples de usar e tem configurações chave de segurança, que incluem alarmes para taxas de infusão (rápida ou lenta), volume total (superior ou inferior) e sensores avariados. O aparelho é alimentado por uma bateria híbrida (CA e solar) de alimentação. O ECGF tem o potencial de salvar vidas proporcionando precisão e segurança a 8% do custo de uma nova bomba de infusão.

Para mais informações sobre os 10 candidatos, as suas inovações e imagens dos projectos, consulte: http://APO.af/iiG2qY.