A Africa Oil Week (Africa-OilWeek.com), a maior e mais prestigiada conferência de Exploração & Produção (E&P) na África, encerrou na quinta-feira com negociações de alto valor e forte intenção de investimentos futuros no continente. O evento foi realizado de 8 a 11 de Novembro de 2021 no Madinat Jumeirah no Dubai - sendo a primeira edição nos 27 anos de história da AOW a ser realizada fora do continente - e contou com o apoio de importantes patrocinadores, incluindo TotalEnergies, Eni, ADNOC, Chevron, Shell e Equinor, entre outros.

Para África, pela África

Com mais de 45 ministros e líderes governamentais presentes este potente evento, juntamente com dois membros da Comissão da União Africana e diversas ONGs, AOW 2021 incluiu discussões abrangentes sobre o futuro do continente, tanto em termos de implementação da agenda verde e das metas de emissões zero, como de utilização das receitas do petróleo e gás para melhorar os cuidados de saúde, o desenvolvimento socioeconómico e a qualidade de vida do povo africano.

Atualmente com 1,2 mil milhões de pessoas, com uma população adicional estimada em 600 milhões com menos de 25 anos até 2050, o continente depende do setor energético para impulsionar a criação de riqueza, o empreendedorismo, a expansão do setor privado e a industrialização. Mantendo-se comprometidos com os ODS da ONU e com a Agenda 2063 da União Africana, os organizadores da Africa Oil Week também anunciaram o lançamento da Câmara de Energia Verde Africana 2022 (CEA 2022) no primeiro dia da conferência. A CEA irá concentrar-se na promoção de investimentos em energia com baixo teor de carbono para África, reunindo as principais entidades interessadas para facilitar a inovação e o diálogo, impulsionando o capital para o desenvolvimento socioeconómico de África.

O interesse dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no mercado africano

Com os investimentos dos EAU em África a atingir 5,64 mil milhões de dólares nos últimos anos, a AOW servirá de plataforma para fomentar futuras colaborações e parcerias que possam resultar em negociações de alto valor adicionais no setor da energia. A participação de empresas do Médio Oriente e do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) na África Oil Week são a prova do interesse contínuo dos países do Médio Oriente em estabelecer parcerias com o setor energético africano.

Em seu discurso de abertura na AOW 2021, Sua Excelencia Suhail Al Mazrouei, Ministro da Energia e Infraestrutura dos Emirados Árabes Unidos, enfatizou os laços de longa data dos EAU com as nações africanas e destacou a posição do país como um centro financeiro global emergente.

Al Mazrouei disse: “A África é uma das economias de crescimento mais rápido do mundo. Além disso, a enorme transformação econômica no setor energético do continente, o torna ideal para investimentos de todo o mundo, especialmente dos EAU e do Oriente Médio. Referência global em desenvolvimento industrial por meio do uso eficiente de recursos energéticos, os EAU são líderes regionais. Temos um grande interesse no mercado africano e vemos que o interesse tem sido mútuo, com Uganda recentemente assinando novos negócios em vários setores, incluindo energia renovável, na Expo 2020 Dubai. Estamos certos de que a Africa Oil Week atuará como uma plataforma para facilitar mais tais investimentos e estabelecer maiores parcerias entre os investidores internacionais e o setor público e privado africano. Como um parceiro próximo da África, esperamos facilitar o fluxo de capital que resultará no desenvolvimento socioeconômico da África e do Oriente Médio.

Al Mazrouei acrescentou: "O setor do Petróleo e do Gás registou uma volatilidade sem precedentes desde 2020 devido à pandemia. No entanto, à medida que a economia se restabelece, testemunhamos sua recuperação. O crescimento económico global deste ano manteve-se forte, especialmente no segundo trimestre de 2021. Nos EAU, avançando para 2022, o Banco Central dos EAU estima que o país irá registar um crescimento significativo em termos do PIB. É evidente para o mundo que o petróleo e o gás são fontes significativas de fornecimento de energia primária e têm um forte impacto no crescimento económico e no desenvolvimento do setor industrial".

Sua Excelência Khamis Juma Buamim, Presidente do Conselho de Dubai para Marina e Indústrias Marítimas (DCMMIEmirates) afirmou: "Temos partilhado laços longos e estreitos com África, e esta tem sido uma oportunidade maravilhosa para reavivarmos esses laços, pelo menos na colaboração com o setor do petróleo e gás. Para mim foi enriquecedor participar na Africa Oil Week e fazer parte de algumas dos Showcases Nacionais de Energia, onde pude inteirar-me das principais oportunidades no setor energético africano e reunir-me com os ministros de alguns dos países africanos do Quénia, Mauritânia e Gana para discutir pessoalmente com eles sobre os desafios e oportunidades que se avizinham. Penso que, através da partilha de conhecimentos e experiência, seremos capazes de abrir novas portas para alguns acordos valiosos entre as duas partes".

Resolução do problema de acesso à energia e infraestrutura

Um dos principais desafios enfrentados pelo setor energético em África é o problema do acesso à energia, onde uma grande maioria da população não tem acesso a gás para cozinhar ou eletricidade.

S. Ex.ª Dra. Amani Abou-Zeid, Membro da Comissão de Infraestruturas e Energia da União Africana destacou: "A África é rica em recursos energéticos naturais e quase todos os tipos de recursos energéticos, mas temos um problema com o acesso à energia. Cerca de 600 milhões de pessoas em África não têm acesso à eletricidade e 900 milhões à cozinha limpa, portanto esta é uma das principais áreas em que estamos a trabalhar. Precisamos de consolidar os nossos esforços para garantir que dispomos da competência e tecnologia adequadas para satisfazer as exigências de energia limpa do povo africano. Estamos a fazer um esforço consciente para transformar a África num continente verde, introduzindo programas e formulando políticas que nos conduzirão na direção certa; a colaboração é fundamental neste sentido. A África tem uma população jovem, que se estima que irá aumentar drasticamente nas próximas décadas, levando a população africana a cerca de 2,5 mil milhões de pessoas até 2050. Assim, temos de estar preparados para satisfazer também as suas necessidades, assegurando que a transição energética se traduza em desenvolvimento socioeconómico, empoderamento e eliminação da desigualdade de género, bem como de outras formas de desigualdade. A África deve ter um nível justo e equitativo de acesso à energia, especialmente nesta fase em que estamos a avançar muito rapidamente na concretização dos nossos objetivos e pretendemos levar adiante esse mesmo impulso".

De acordo com a Sua Excelência Didier Budimbu Ntubuanga, Ministro dos Hidrocarbonetos da República Democrática do Congo (RDC), a maior questão que o continente africano enfrenta em matéria de energia é a infraestrutura. Ele disse, "devido aos desenvolvimentos maciços que se verificam em África, temos de nos assegurar de nos equipar, especialmente em termos de estradas e transportes relacionados com os hidrocarbonetos, nosso principal desafio. As oportunidades na RDC são enormes porque o país apenas explorou 4% das suas reservas de hidrocarbonetos, pelo que há ainda um longo caminho a percorrer. A Africa Oil Week é uma plataforma onde governos e empresários se podem conectar, e nós estamos aqui para mostrar as várias oportunidades disponíveis na RDC. Acreditamos que temos a oportunidade de mostrar o potencial do nosso país e convencer as pessoas sobre o concurso que lançaremos em 2022, para que todos os que participam neste evento possam juntar-se a nós para que possamos trabalhar em conjunto".

Foco na Diversidade

Seguindo o ritmo da sua agenda de diversidade e inclusão, a AOW iniciou o AOW Accelerates: Programa de Diversidade e Inclusão, que defende uma maior diversidade, igualdade e paridade de género em toda a indústria. O briefing anual da AOW este ano foi organizado em parceria com Lean In Energy (LiEN) e constituiu uma oportunidade inestimável para explorar o papel da diversidade e da inclusão na transição energética da África, acolher o diálogo progressista e impulsionar o crescimento inclusivo em toda a indústria, para assegurar que as mulheres tenham presença, voz e opinião na formação da indústria em que trabalham, e alargar o círculo para receber homens aliados nas suas discussões.

Segundo Lamé Verre, Copresidente da Europa & África Subsaariana da Lean in Energy, é preciso fazer mais para alcançar a paridade de género nos locais de trabalho. De acordo com Lamé Verre, Copresidente da Europa & África Subsaariana da Lean in Energy, é preciso fazer mais para alcançar a paridade de género nos locais de trabalho; ela disse: "Penso que ter 50% da população representada na força de trabalho faz todo o sentido do ponto de vista empresarial. Se queremos diversidade de pensamento, então é vital incluir todas as formas de diversidade, incluindo o género, para termos soluções sustentáveis e duradouras que nos ajudem com a crise energética e climática que o mundo enfrentará.

"Geralmente, há uma participação feminina em África, há mulheres que vão à escola e muitas delas ingressam no mercado de trabalho. Temos presidentes femininas em África, com várias mulheres nas Câmaras do Parlamento de todo o continente, pelo que as mulheres estão a participar, mas o que estamos a dizer é que o setor da energia está um pouco aquém em relação a muitos dos outros setores, porque tem sido predominantemente dominado por homens e por brancos. Portanto, trata-se de restabelecer esse equilíbrio entre raça, género, etnia, e tudo o que estiver envolvido, para assegurar que todos os segmentos da sociedade dêem a sua voz à discussão e à tomada de decisões. Assim, espero que aqueles que fizeram parte do painel da diversidade de género regressem aos seus países e organizações e se tornem agentes de mudança para promover a diversidade e a inclusão dentro das suas esferas de influência".

Sucesso na AOW 2021

Após o sucesso fenomenal do evento, TotalEnergies, um dos principais patrocinadores da Africa Oil Week 2021 terá o prazer de regressar no próximo ano à Cidade do Cabo.

Henri-Max Ndong Nzue, Vice-Presidente Sénior da TotalEnergies para África, expressou o seu prazer, "Viemos aqui com uma delegação de 40 pessoas porque estamos comprometidos com a África. Ao vir aqui e simplesmente constatar a enorme participação e o valioso contributo que recebemos dos participantes, fez-nos renovar a nossa parceria com a Africa Oil Week. Estamos ansiosos por regressar à Cidade do Cabo com a AOW e levar adiante as discussões com todos os nossos colaboradores".

Guido Brusco, Diretor de Upstream da Eni, disse: "Foi um prazer absoluto estar na Africa Oil Week no Dubai, onde trocámos ideias sobre o setor energético e discutimos formas de fazer a transição energética utilizando tecnologias chave que permitirão ao continente alcançar a sua agenda verde e o objetivo de emissões zero. Estamos a tentar trabalhar de perto com os organizadores para ver como podemos acrescentar mais valor e assegurar que as metas da Agenda 2063 da União Africana para o continente sejam cumpridas, e como nós, como fornecedor global de energia, podemos fornecer os conhecimentos necessários para facilitar isso".

Comentando o sucesso do evento, Paul Sinclair, Vice-Presidente de Energia e Diretor de Relações Governamentais na Africa Oil Week disse: "Tivemos um evento fenomenal com uma participação tremenda de ministros africanos, de tomadores de decisões e dos principais intervenientes da indústria durante os quatro dias. Os números mostram que existe um interesse ativo de países e empresas de todo o mundo no setor energético da África. Estamos também impressionados com o apoio dos nossos patrocinadores, que têm sido fundamentais para dar maior exposição ao evento e promover o progresso do setor. Este ano não pudemos realizar o evento na nossa sede natural devido aos grandes números que reunimos da comunidade africana e internacional. Assim, o Dubai foi para nós uma opção fantástica e desfrutámos muito do nosso tempo aqui, os comentários que estão a ser feitos pelos governos são muito positivos, eles sentiram que era necessário ter este diálogo neste momento.

"Estamos ansiosos por regressar à Cidade do Cabo no próximo ano e trabalhar com todos os nossos parceiros dos mais de 30 países que se comprometeram connosco de forma contínua".

A Africa Oil Week é a principal plataforma de inteligência empresarial e de negociação para o setor do petróleo e do gás na África, com os principais intervenientes no âmbito da Exploração e Produção de Petróleo do continente que facilita a definição da futura orientação dos negócios e transações de E&P na África, assegurando grandes negociações, impulsionando investimentos em projectos africanos, e facilitando novas parcerias lucrativas e oportunidades de networking para a E&P na África.