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Fonte: McKinsey & Company |

O crescimento global africano abrandou. Contudo, uma nova pesquisa indica que os fundamentos de longo prazo são fortes e que, no horizonte, visualizam-se grandes oportunidades comerciais

A perspectiva global é positiva, com o FMI a projectar que África será a segunda região de crescimento mais rápido no mundo, no período até 2020

Entrar nos mercados de consumidores em África necessitará de empresas com um excelente entendimento das tendências de receita, demográficas e por categoria

ADDIS ABABA, Etiópia, 22 de setembro 2016/APO/ --

Há seis anos atrás, quando o McKinsey Global Institute (www.McKinsey.com/mgi) analisou, pela primeira vez, profundamente as várias economias em África, quase todas elas apresentavam um crescimento acelerado. O cenário hoje é mais confuso. O novo relatório do MGI Lions on the move II: Realizing the potencial of Africa's economies indica que as tendências de crescimento da economia em África divergiram.  

O crescimento nas 11 economias responsáveis por 60 porcento do PIB Africano — os exportadores de petróleo do continente e os três países envolvidos na Primavera Árabe (Egipto, Líbia e Tunísia) — abrandou acentuadamente. No entanto, as restantes economias responsáveis pelos 40 por cento do PIB Africano aumentaram a sua taxa de crescimento anual de 4,1 porcento em 2000-2010 para 4,4 porcento em 2010-2015. A perspectiva global é positiva, com o FMI a projectar que África será a segunda região de crescimento mais rápido no mundo, no período até 2020.

São quatro os fundamentos que sustentarão, provavelmente, o crescimento económico em África

  1. A taxa mais rápida de urbanização no mundo. Nos últimos dez anos, mais 187 milhões de Africanos viverão em cidades — o equivalente a metade da população actual dos Estados Unidos. 
  2. A maior população activa no mundo, de 1,1 mil milhões em 2034 — maior até que a China ou a Índia.
  3. As maiores reservas no mundo de muitos recursos naturais essenciais (por exemplo, 60 porcento das terras de cultivo não utilizadas, mas potencialmente disponíveis, do mundo e as maiores reservas globais de vanádio, manganês e muitos outros).
  4. A possibilidade de ultrapassar as velhas tecnologias através da tecnologia móvel e digital (por exemplo, espera-se que a penetração dos smartphones atinja os 50 porcento em 2020 vs. os 18 porcento de 2015).

Aguardam-se grandes oportunidades, com a continuação do crescimento do consumo de particulares e empresas

  • O novo relatório identifica oportunidades para crescimento nas economias Africanas.
  • O consumo dos consumidores e das empresas em África ascende actualmente a 4 biliões de dólares. Em 2025, o valor total poderá ser de 5,6 biliões de dólares.
  • Espera-se que o consumo interno cresça cerca de 3,8 porcento ao ano em 2025, para alcançar um valor de 2,1 biliões de dólares. As despesas em itens discricionários irão provavelmente crescer rapidamente, reflectindo uma classe consumidora Africana em expansão. Cerca de metade de todo o crescimento de consumo no período de 2025 concentrar-se-á em 75 cidades.
  • Espera-se que o consumo das empresas cresça de 2,6 biliões de dólares em 2015 para 3,5 biliões de dólares em 2025.
  • África tem a oportunidade de quase duplicar a produção do sector transformador, dos actuais 500 mil milhões de dólares para 930 mil milhões de dólares em 2025. As economias em Africanas já não são apenas sobre a exportação de matérias-primas — mas sim sobre a exploração da forte procura interna. Três quartos deste potencial poderiam advir de empresas sediadas em África, que acompanham  esta procura em tão rápido crescimento. Actualmente, África importa um terço dos bens alimentares, bebidas e outros bens processados que consome. O outro quarto do crescimento poderia advir de mais exportações.
  • A industrialização acelerada poderia constituir uma mudança decisiva na produtividade e na criação de seis a 14 milhões de empregos estáveis, nos próximos dez anos — fazendo disto uma prioridade para os governos.

Acha Leke, um co-autor superior parceiro de elaboração de relatórios da McKinsey, diz:

"A nossa nova pesquisa indica de que forma, nos próximos anos, África beneficiará de fundamentos sólidos, incluindo uma população jovem e em crescimento, a taxa de urbanização mais rápida do mundo e a mudança tecnológica acelerada. Estes ajudarão a conduzir o rápido crescimento nos mercados do consumidor e as cadeias de abastecimento comerciais, oferecendo oportunidades para construir empresas industriais e de serviços grandes, lucrativas. Entrar nos mercados de consumidores em África necessitará de empresas com um excelente entendimento das tendências de receita, demográficas e por categoria. O desenvolvimento nos mercados comerciais necessitará de empresas que ofereçam produtos e desenvolvam forças de vendas capazes de visar o sector privado relativamente fragmentado. Contudo, a nossa pesquisa mostra igualmente o muito trabalho que é necessário desenvolver, tanto pelas empresas como pelos governos em África, para traduzir a oportunidade em benefícios económicos tangíveis."

Para tirar o máximo partido das oportunidades, África necessita de mais empresas grandes

A nova base de dados da MGI de empresas em África — que acreditamos ser a primeira do género — indica que o continente tem 700 empresas com receitas de mais de 500 milhões de dólares, das quais 400 têm receitas de mais de mil milhões de dólares. As empresas grandes em África estão a crescer rapidamente e são, em geral, mais lucrativas que as homólogas globais.

No entanto, África (com exclusão da África do Sul) apenas tem 60 porcento das grandes empresas que poderíamos esperar, em comparação com outras regiões emergentes. Sendo que a média da receita anual de 2 milhares de milhões de dólares corresponde a metade do equivalente das grandes empresas no Brasil, Índia, México e Rússia. Nenhuma empresa detida por Africanos consta na Fortune 500.

As 100 melhores empresas em África atingiram o sucesso desenvolvendo posições sólidas a nível interno, sobrevivendo na construção das suas actividades durante décadas, integrando o que outras empresas normalmente externalizariam e investindo na criação e retenção de talento. É possível atingir maior sucesso em seis sectores de grande potencial, com elevado crescimento, elevada rentabilidade e baixa consolidação: grossista e a retalho, alimentação e processamento agrícola, cuidados de saúde, serviços financeiros, indústria ligeira e construção.

Os governos têm de assumir um papel mais activo de forma a desencadear um dinamismo renovado.

Desta pesquisa emergiram seis prioridades:

  1. Mobilizar mais os recursos domésticos, tomar medidas corajosas para mobilizar mais os seus próprios fundos como financiamento para o desenvolvimento
  2. Diversificar intensivamente as economias, encorajando o crescimento em sectores de elevado potencial, em estreita colaboração com as empresas, com base num entendimento claro das vantagens competitivas dos seus países
  3. Acelerar o desenvolvimento das infraestruturas
  4. Aprofundar a integração regional
  5. Criar o talento do futuro, garantindo que os sistemas educativos e de formação constroem competências de trabalho relevantes e que os estudantes estão conscientes e são encorajados e abraçar estas vocações e que o sector privado implementa as melhores práticas
  6. Garantir uma urbanização "saudável", para que as cidades cresçam com as infra-estruturas necessárias para atingir o maior impacto económico positivo e social possível.

Trabalhar nestas seis prioridades exige visão e determinação para levar a cabo reformas alargadas em muitas áreas da vida pública — e uma administração pública competente, com a competência e compromisso de implementar essas reformas.  

Distribuído pelo Grupo APO para McKinsey & Company.

Contatos:
Bonita Dordel
bonita_dordel@mckinsey.com 
+27 (0) 11 506-8193 

O McKinsey Global Institut:
O McKinsey Global Institute (MGI) (www.McKinsey.com/mgi), o braço de pesquisa comercial e económica da McKinsey & Company, foi constituído em 1990, para desenvolver um entendimento aprofundado da economia global crescente. O nosso objectivo é o de facultar aos líderes dos sectores comerciais, públicos e sociais factos e previsões, sobre os quais basearem a gestão e políticas de decisão
Os parceiros da McKinsey & Company constituem a pesquisa do MGI. Não é, de todo, encomendada por quaisquer actividades, governo ou outra instituição.
O Lauder Institute na Universidade da Pensilvânia classificou o MGI como grupo de reflexão Número Um no mundo, em 2015 Global Go To Think Tank Index.
Para mais informações sobre o MGI e para descarregar gratuitamente todos os relatórios, visite, por favor, www.McKinsey.com/mgi

McKinsey & Company Africa:
Com presença em África há mais de 20 anos, a McKinsey & Company tem escritórios na Etiópia, Quénia, Marrocos, Nigéria, África do Sul e Angola. Modulamos a estratégia e operações reforçadas, para intervenientes nas indústrias mais relevantes, ajudando a obter melhores resultados na educação e nos cuidados de saúde, em mais de 40 países Africanos. A McKinsey apresentou mais de 1.400 projectos pelo continente Africano.